domingo, 6 de dezembro de 2009

Enquanto Bonner fala


O fato de a televisão exercer grande influência sobre todos nós é irrefutável. Mas até onde vai esta influência? Será que estamos tão ligados a este aparelho eletrônico que não conseguimos realizar nenhuma refeição sem ver as últimas notícias ou os novíssimos capítulos daquela série americana que está fazendo sucesso no mundo inteiro? A resposta é simples e desanimadora: sim.
A televisão vem se estabelecendo cada vez mais fortemente em nosso dia-a-dia. As famílias costumavam tirar a hora do jantar para conversar sobre o dia de trabalho do pai e de estudos filhos enquanto a mãe tomava para si o trabalho de se certificar de que todos estivessem comendo bem. Hoje em dia, os jantares são cheios de silêncio (das pessoas ali presentes pelo menos, já que as vozes dos apresentadores de programas não param de falar e entreter cada membro da família em particular). Sem falar, é claro, das lutas excessivas e cansativas pelo poder extremo: o controle remoto. As cenas apresentadas pelos dias atuais não nos dão uma boa perspectiva familiar.
Muito embora a televisão faça com que a explosão de mais uma bomba em Israel seja conhecimento mundial quase que no exato momento em que o fato aconteceu, este intrigante aparelho nos faz entrar num mundo crescentemente difuso do da realidade. Sem mencionar que, mesmo sabendo de cor todos os vídeos da cantora americana mais popular do mês que nem sabe da existência de uma cidade situada bem no meio de plena Floresta Amazônica, um adolescente se sente mais íntimo de uma cultura tão distante geograficamente – porém muito próxima digitalmente – do que da História de seu próprio país. Há, ainda, o afastamento que ocorre entre as pessoas de uma família. Pais se trancam em escritórios caseiros para assistir às notícias do mercado financeiro, enquanto filhos ficam em seus quartos assistindo séries de TV cujo enredo se passa em outros países. Todos irão dormir mais uma noite sem saber o que aflige cada um deles e, pior ainda, sem pista alguma sobre como solucionar tais problemas.
A televisão pode sim aproximar culturas e informações a espectadores tão distantes. Isto é indiscutível. Mas outro fato conhecido por todos, mas nem sempre levado à tona numa conversa casual, é o quanto ela afasta aqueles que se encontram no quarto ao lado.

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