segunda-feira, 12 de julho de 2010

Mídia: diversão ou informação?


Hoje, como todo dia, abri a página principal do canal de notícias CNN na Web (www.cnn.com), e me deparei com uma manchete que causou um grande impacto em mim: "Six months after quake, Haiti still suffers"(seis meses após terremoto, Haiti ainda sofre). Segundo especialistas, o tempo de remoção dos estilhaços pode chegar a 20 anos, considerando que até agora, seis meses após a tragédia que chocou o mundo inteiro, somente 250 mil metros cúbicos de estilhaços foram retirados. Cálculos mais detalhados mostram que o total de estilhaços pode chegar até 20 milhões de metros cúbicos.
O que me chocou muito, além dos números, foi como a função dos comunicadores têm sido desviada do seu foco principal: levar notícia às casas da sociedade mundial, denunciar injustiças e apresentar possíveis soluções para tais problemáticas. Hoje em dia muitas pessoas se preocupam muito mais com quem o galã da novela ficou na última festa do que com como estão as vítimas de tragédias como esta do Haiti. Não me entenda errado e nem pense que sou hipócrita ao dizer que não me importo com essas fofocas notícias mais leves, pois eu assisto novelas, seriados e outras coisas desse tipo. O problema é que as futilidades têm tomado mais espaço do que as reais prioridades mundiais. 
Enquanto o drama dos haitianos vendia, tínhamos campanhas para doação de dinheiro, grandes manchetes mostrando o sofrimento da população, vídeos de mães chorando pelos filhos mortos por tentarem pegar alguns quilos de comida para suas famílias e muitas outras cenas chocantes que mexiam com nossos sentimentos e nos faziam sentir motivados a ajudar pessoas que moram a quilômetros de distância e cujo sofrimento é inimaginável para a maioria de nós. Agora que a notícia está "fria", vemos apenas alguns artigos de quinzena em quinzena para dar uma pequena atualização sobre o que está acontecendo por lá, mas nenhuma campanha nos influencia a doar dinheiro e ninguém nos informa se o que foi arrecadado no momento clímax da venda da tragédia está sendo utilizado nas necessidades de todos os haitianos.
Fiquei muito satisfeito com o artigo da CNN escrito por Ivan Watson, pois ele denuncia de forma verdadeiramente jornalística as precárias situações pelas quais nossos irmãos do Haiti estão passando. Aparentemente, nada está sendo feito para que os haitianos tenham uma melhoria de vida no que costumava ser chamado de lar e agora pode ser conhecido como "inferno em casa". O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal abriram contas para clientes efetuarem depósitos com o intuito de ajudar a reconstruir o país. As contas abertas foram: Banco do Brasil (nome de SOS Haiti, agência 1606-3, conta corrente 91.000-7) e Caixa (agência 0647, operação 003, conta: 600-1 em nome do PNUD - Haiti). Espero, sinceramente, encontrar mais artigos e matérias sobre o Haiti e que os comunicadores estejam mais atentos para situações que realmente valem a pena estampar capas de jornais e manchetes de páginas de Internet.

Um comentário:

  1. essa sede por "notícias" de ricos e famosos em detrimento de notícias de um país pobre e agora detonado de vez é só um reflexo das verdadeiras ansias da sociedade moderna (ou pós-moderna? chamar de que o nosso vampirismo por coisas belas, plásticas e que nos torram a paciência em menos de uma semana?). há quem se incomode com isso, mas quantos de fato agem ao invés de apenas afastar esse sentimento inconveniente pra bem longe?

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